CAPítulo VI

DO ENER AO ESPAÇO

Ligação do Ener ao espaço

Para produzir o ENER tivemos de desenvolver técnicas para detetar componentes avariados, para permitir a reparação dos computadores. Para testar a eficácia dessas técnicas inventámos injetores de falhas, que simulavam de forma rápida as avarias reais, e permitiam ver quais avarias cada técnica detetava.

Como no espaço não é viável enviar alguém para reparar um satélite que se avarie, estes têm de ter mecanismos para detetar, e compensar automaticamente, avarias que ocorram. Para testar estes mecanismos, os injetores de falhas são essenciais, pelo que os nossos injetores tiveram grande aplicação em satélites, nomeadamente o que foi chamado Xception.

Injetor de falhas Xception

O Xception é o injetor de falhas que a Critical Software vendeu à NASA. Concretamente, o Jet Propulsion Laboratory da NASA (em Pasadena, Califórnia) comprou uma versão adaptada ao processador Power PC 750.O Xception foi inicialmente desenvolvido no DEI/CISUC usando o computador Xplorer, da Parsytec, mostrado ao lado.

See PaPER
Xplorer, computer that gave rise to the name Xception
Placa com o processador ERC32

Uma outra versão foi vendida à Agência Espacial Europeia, adaptada ao processador ERC32 (processador compatível com SPARC, desenvolvido pela Agência Espacial Europeia para resistir à radiação do espaço) — ao lado está reproduzida a placa com o processador ERC32 que foi usada no desenvolvimento. Outras versões foram vendidas às Agências Espaciais Chinesa, Brasileira e Japonesa.

Solar Orbiter e Coimbra
Solar orbiter e o sol (© ESA/ATG medialab)

Este satélite é uma missão pioneira da ESA/NASA com a missão de estudar o plasma solar e o campo magnético do Sol. Lançado em 2020, percorreu três quartos da distância entre a Terra e o Sol, estando numa órbita que passa mais perto do Sol que Mercúrio. Tem estado a recolher dados que já estão a permitir melhorar muito o nosso conhecimento sobre a radiação solar, que tanto influencia a Terra.

A Critical Software desenvolveu o software de controlo da plataforma central do satélite, que gere a ligação aos vários instrumentos e que é responsável pelo guiamento orbital do satélite.

As regiões ativas do Sol
Vídeo captado pelo Solar Orbiter
Instrumentos do Solar orbiter (© ESA-S.Poletti)
Lunar Gateway e Coimbra
Lunar Gateway e a Terra (© NASA Johnson)

Será a primeira estação espacial a orbitar a Lua. Mais pequena que a Estação Espacial Internacional que orbita a Terra, faz parte do programa Artemis, liderado pela NASA,que pretende colocar de novo astronautas na Lua, durante a década atual. Os primeiros módulos deverão ser lançados no final de 2024.

A Critical Software está a trabalhar na validação do software de dois módulos, são eles: o I-HAB (que é habitável), e o ESPRIT (que fornece espaço adicional e combustível para a movimentação da estação espacial). O projeto destes dois módulos é liderado pela Agência Espacial Europeia.

ClearSpace e Coimbra
ClearSpace-1 captura a Vespa (© ClearSpace SA)

Há atualmente um número tão elevado de satélites mortos, e peças soltas, a rodar à volta da Terra, que eles se tornaram um grande perigo para os satélites operacionais. As missões ClearSpace pretendem ir buscar satélites mortos e fazê-los desagregar na atmosfera, mas também repará-los ou reabastecê-los, quando possível.

Na missão ClearSpace-1, com lançamento previsto para 2026, a Critical Software desenvolve software que coordena os vários módulos que constituem o satélite, como por exemplo a comunicação com o controlo em Terra, a coordenação dos sistemas de controlo orbital e de rotação, e o controlo térmico do satélite.